sábado, 11 de julho de 2009

Recortes do cotidiano

Só uma observação: hoje uma coisa me impressionou, me intrigou até.

Todo mundo sabe da morte do Michael Jackson, vulgo MJ. Claro, com a mídia massificante de hoje, qualquer um sabe. Do mendigo ao dândi, do metaleiro ao axezeiro, da puta à madre superiora. Todos sabem. Mas também só sabem falar disso ultimamente. E da ex-gripe suína, a atual H1N1, claro. Assuntos no mínimo recorrentes.

Estava eu hoje num bar no centro de Belo Horizonte, início da tarde já, por volta das 16h30. Conversávamos e tal. E no bar havia daquelas Music Box. Tá, até aí tudo bem. Tocava de tudo, mas eu nem prestava atenção na música.

De repente, colocam uma apresentação do MJ, a música Billie Jean. Da época em que ele ainda era muito foda em termos de composição. Creio que a apresentação era dos anos 1990, mas não tenho certeza. O bar, que fica em uma esquina, começou a atrair a atenção de quem passava por ali, de quem reconhecia a voz de MJ. Mas me pergunto: será que todos realmente conheciam MJ? Reconheceriam de longe a sua voz? Gostavam dele? Respeitavam seu trabalho?

Sei que com sua morte, no mês passado, ele voltou a ser o que fora nas décadas passadas: um grande ícone. As pessoas passavam pelo bar e paravam para ver sua moonwalk, para escutar sua voz inconfundível. Algumas repetiam seus passos ali, quando iam embora.

Reparei em algumas pessoas especificamente: um catador de latinhas (ou de papel, não sei direito) que largou o que estava fazendo e foi assistir à dança de Michael. Uma senhora (que provavelmente voltava do trabalho) também se aproximou durante aquela apresentação; assistia atentamente àquela música. Mais ao longe, uma moça, por volta de seus 17 anos, acredito, passava e ria; um sorriso parecido com a minha atitude: adimirava-se como de repente todos conheciam e prestavam atenção no trabalho de MJ. Os funcionários do bar também assistiam ao trecho do show, e comentavam entre si. Outras pessoas que passavam pelo local também reconheciam aquela voz, aquela dança.

Interrompi o assunto que discutíamos para fazer essa observação, um recorte naquele cotidiano. Nem a morte do papa abalou tanto a sociedade. A morte de Michael Jackson o tornou novamente um ícone da música, um ícone do mundo pop, de uma época. Ela - sua morte - lhe devolveu o respeito e a admiração do povo. Rendeu-lhe (tá, não mais para ele propriamente) em menos de um mês vendas de discos que há uma década inteira não lhe rendia.

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