quinta-feira, 30 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 32]

[Sem título, 32]

Vive no frio de inverno, mesmo no verão. Fecha-se em serras com primazia. Abre-se na razão. Busca a luz dos gregos na escuridão da poesia.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 31]

[Sem título, 31]

Fria distância. Distância essa apenas geográfica. Espacial. Não dos sentidos e lembranças. Da memória. Inverno profundo. Mas que tem seu fim.

Du Siqueira

terça-feira, 28 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 30] ou Reticências ao silêncio

[Sem título, 30] ou Reticências ao silêncio

Não queria falar. Dizer a cruel verdade. Reminicências: medo e silêncio no ar. Crises da idade? Esconde-se atrás de constantes reticências.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 29]

[Sem título, 29]

Enxugou suas lágrimas. Continuou ali. Sofria. Mas reconhecia que deveria parecer forte. Inabalável. Super-mãe. A filha, ela tinha leucemia.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 28]

[Sem título, 28]

Corria e corria. Cansava-se. Ruas que por vezes já andou. Outras ainda desconhecidas. -Maratonista?- Ela fugia do futuro. Corria de si mesma.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 27]

[Sem título, 27]

"7+5=?" Pensava. Esforçava-se para fazer as contas sem ter que contar nos dedos. "8x6=?" Depois de 72 anos, frequentava suas primeiras aulas.

Du Siqueira

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Escrever um pouco?

Então, vamos falar desses últimos dias, ok?

1. Não consegui a matrícula pro Francês I na facul e não sei se vou pedir para incluí-la no acerto de matrícula amanhã. Tenho que parar de ser afobado e querer fazer tudo ao mesmo tempo. Às vezes esse imediatismo me atrapalha muito. Pensei em puxar algumas matérias do Português, mas acho que vou esperar também. E quero logo um estágio na área. Não sei, mas me deu uma vontade de repente de dar aula.

2. Segunda-feira passada, 20 de julho, foi o Dia do Amigo. Malettamos primeiro e depois fomos passeando por alguns botecos dali do centro de BH.

Algumas lembranças desse dia:
(É, foi atrás do rótulo da cerveja mesmo, e estávamos em um teor de felicidade muito elevado)




3. Ansioso pelo novo livro de Santiago Nazarian, "O Prédio, o Tédio e o Menino Cego". Queria ir na festa de lançamento, em São Paulo, mas não vou.

4. Ontem teve um almoço entre amigos na casa da Mariah. Foi muito bom. Meu creme de milho ficou excelente, claro (rsrs). Mas foi o que todos falaram. Não sei se foi só para me agradar, mas acho que tava bom sim. Além do meu creme de milho, também ficaram excelentes a conserva de berinjela que a Dulce fez, a isca de frango da Aliche, o strogonoff de soja da Café e do Guilherme, e tudo que a Mariah também fez. Estava tudo muito bom! (...) E amigos reunidos num domingo de férias com muita cerveja! Mas faltou a Jana pra completar.


Fotos desse almoço eu (talvez) coloco depois aqui, já que acabo de me lembrar que deixei minha câmera com a Dulce.

Abraços!

Microcontos: [Sem título, 26]

[Sem título, 26]

Dor no peito. Já estava sem ar. O que fazer ali? Sozinho. A quem recorrer? O telefone estava fora do alcance de suas mãos. Agonizava. Dormiu.

Du Siqueira

sábado, 25 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 25]

[Sem título, 25]

-Não sei, menina!- Mas, mãe, eu quero conhecer meu papai! É o que veio aqui ontem? -Não!- Aquele que vem todo sábado? -Não! Te achei no lixo!-

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 24]

[Sem título, 24]

Pressão sobre seu peito. E de novo. Mãos fortes de seu marido. E ela deitada. Debaixo dele. Pressão. Mais e mais. Não adianta. Ela enfartou.

Du Siqueira

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 23]

[Sem título, 23]

Dirigia-se para o padaria. 9 horas da manhã. Sábado. Uma mulher passou e lhe sorriu. Ele continuou. Não lhe repondeu. Arrogante? Não. Míope.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 22]

[Sem título, 22]

Olha o relógio. De novo atrasado. Qual a desculpa dessa vez? Já inventou tantas. Atraso de 2h. Ninguém ali. Dessa vez, perderam a paciência.

Du Siqueira

O Prédio, o Tédio e o Menino Cego

Em agosto seremos agraciados por mais um romance de Santiago Nazarian. Literatura brasileira contemporânea vigorosa.


O livro, "O Prédio, o Tédio e o Menino Cego", sai pela Editora Record. Acompanho já há um tempo a obra desse escritor paulistano. O livro conta com ilustrações de Alexandre Matos e tem 348 páginas. Já não aguentava mais esperar por algo novo dele; seu último romance, "Mastigando Humanos", saiu há 3 anos.

Um vídeo promocional sobre o livro está no YouTube e pode ser conferido logo abaixo.



"O Prédio, o Tédio e o Menino Cego" será lançado em São Paulo, dia 4 de agosto. Quem quiser saber mais, visitem o blog do escritor ou do livro.

Abraços!

Microcontos: [Sem título, 21]

[Sem título, 21]

Puxava com força. O anzol iria arrebentar. Ele cairia dentro do rio. Será um peixe grande? Baleia ali? O anzol preso. Tonel no fundo do rio.

Du Siqueira

quinta-feira, 23 de julho de 2009

ARTmania Festival 2009

No último fim de semana ocorreu na Romênia um grande espetáculo do Metal, o ARTmania Festival. Bandas de qualidade e que são referências nesse tipo de música. Nightwish, Opeth, My Dying Bride, Tristania e Pain foram os grandes nomes do festival, que contou também com as bandas Subscribe e Luna Amara.

Há alguns anos já acompanho o trabalho de algumas dessas bandas. Os vídeos que saíram no YouTube me fizeram perceber como realmente o tempo faz diferença e faz as coisas mudar. Às vezes deixa até irreconhecível a proposta das bandas. É o caso do Tristania. Sinceramente, levei um susto ao ver tantos novos membros ali. A banda ainda continua muito boa, cada vez mais pesada. Mas há pouco a se comparar com o Tristania do fim da década de 1990. Mary Demurtas, a nova vocalista, manda muito bem nos vocais, improvisando até algumas linhas mais líricas. Esperemos pelo novo álbum deles, que deve sair no fim de 2009. Na apresentação, tocaram "The Emerald Piper", primeira composição dessa nova formação. Novos elementos foram perceptivelmente adicionaddos à sonoridade da banda, o que a deixou ainda melhor, sem se tornar um lugar-comum.

Outra banda que mudou com o tempo é o Nightwish. Anette Olzon é uma excelente vocalista, indiscutivelmente. Acho desnecessário compararem-na com a antiga vocalista, Tarja Turunen. Sinceramente, foi essa nova proposta da banda que me fez voltar a ouvir Nightwish. A Tarja tornava as coisas ali muito cansativas, mas admiro e respeito mesmo assim seu trabalho.

O My Dying Bride é outra banda que cada vez mais se atualiza, mas sem perder as suas raízes. Death/Doom Metal de primeira. Aaron Stainthorpe é relamente uma grande mente no mundo da música. Interpretações e letras impecáveis. For Lies I Sire, o álbum mais recente da banda, de 2009, é um dos melhores no estilo, e uma das melhores coisas deste ano.

Pena que não temos um festival assim no Brasil...

Alguns videos:

- Nightwish - Sahara



- Nightwish - Dead Boy's Poem



- Nightwish - The Siren



- Nightwish - Escapist



- Tristania - Beyond the Veil



- Tristania - Angellore



- Tristania - Sacrilege



- Tristania - The Emerald Piper



- My Dying Bride - Santuario de Sangue



- My Dying Bride - Turn Loose the Swans



- My Dying Bride - And I Walk With Them





That's all folks!

Microcontos: [Sem título, 20]

[Sem título, 20]

"Sua bolsa tá aberta!" Acabara de tirar dinheiro no caixa eletrônico. E já estava sem dinheiro. - Socorro! Fui assaltada! - Não. Foi furto.

Du Siqueira

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Teclar


O primeiro single do novo long-play dos Mutantes foi disponibilizado esta semana na internet. Três decadas e meia depois do último álbum de inéditas, o grupo lança este ano o aguardado "Haih... or Amortecedor...", que contou com a participação de nomes de peso nos processos de composição e gravação, tais como: Tom Zé, Jorge Ben Jor, Mike Patton, entre outros.

"Teclar" nos apresenta um novo Mutantes. Confesso que me decepcionei. Esperava bem mais das novas composições. Mas aguardemos o disco inteiro para termos certeza. A formação atual da banda conta músicos experientes e muito bons, disso tenho certeza. O álbum deve ser lançado nos EUA em setembro, e logo no Brasil.



Disponibilizo, então, um link para o download da música "Teclar".

TECLAR (Sérgio Dias/Tom Zé)


Um abc no meu peito coubesse
Eu tirava de lá um s,
Quando a saudade viesse eu cortava esse s
Em cada pedaço um anzol,
Só precisava de um guarda-sol,
Eternamente contigo num branco lençol.

A cartomante uma carta me desse
Eu queria que um rei viesse
Eu me casava contigo no dia de reis,
Mas a feiticeira do mal
Ela desmantela meu carnaval
E me separa de ti quando chega o Natal.

Teclar, alguém me teclar
Telefonar ou trocar um olhar,
Deixar recado ou bater no meu quarto.

Ah, se me desse uma chance a magia,
Que noite de fantasia!
Alguém me olha, confia,
Me leva pra casa,
Me ama, depois adormece.
Fosse um ladrão, eu seria capaz:
Seu coração eu roubava, tirava-lhe a paz.

Sabe a Virgínia daquele janeiro?
Casou-se com um motoqueiro, paixão e pouco dinheiro,
Feliz habitava abrigo do banco central.
Quando o assalto do dia se dá
No tiroteio amamenta e lê seu jornal.

Teclar, alguém me teclar
Telefonar ou trocar um olhar,
Teclar, alguém me teclar
Telefonar ou trocar um olhar,
Deixar recado ou bater no meu quarto.

-
That's all folks!

domingo, 19 de julho de 2009

Love and Fire

Love and Fire

I want the purest sweet Love
Not this miserable fighting course
To fly light through the air like a dove
And keep me safe from any curse

May I desire this pure sentiment
Which warms the heart and freezes the soul
And sends us to a place never sent
Just to feel a flame burning so slow?

All is pain and pleasure, hurt and desire
It is a sin and a delightful feeling
It is a thin line between the love and the fire
Smiling and screaming, always kneeling

I crave for more, I wish this mire
I suffer when I hurt you, I beg forgiveness
I did not want to play only with fire
I need your love, oh sweetness!

Du Siqueira

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Com Açúcar, Com Afeto

Sim, ainda Chico Buarque. É o que ouço religiosamente.


Com açúcar, com afeto
Chico Buarque/1966


Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é operário
Vai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê
No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê

Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer
Qual o quê
Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 19]

[Sem título, 19]

Abriu os olhos. Ainda estava lá. Cobriu sua cabeça. Cobertor pesado. 6 anos. Sozinha em seu quarto. Medo. Não consegue gritar. Enfim, dorme.

Du Siqueira

FLIP 2009: Chico Buarque e Milton Hatoum

A Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorreu durante os cinco primeiros dias do mês de julho deste ano, contou com a participação de alguns escritores renomados da literatura contemporânea. Destaco o nome de alguns: Anne Enright, Edna O'Brien, António Lobo Antunes, J. M. Coetzee, Milton Hatoum e Chico Buarque.

Sei como funciona a festa. O glamour e a mídia reinam. Não se pode esperar discussões e análises produtivas de obras literárias ali. Escritores precisam vender. Para isso, precisam de divulgação. Muitos vão a esses eventos pois são obrigados por suas editoras. A figura do escritor se torna maior que sua obra. Isso, para mim, não é válido para a literatura. Claro que em um país onde o número de pessoas que lêem e consomem obras literárias é cada vez menor, e uma publicidade como a FLIP se torna um caminho recorrente e necessário para a sobrevivência das pessoas que vivem desse tipo de trabalho com a escrita. Mas não gosto muito disso. Ali os leitores e amantes de Litertaura não se satisfazem. A grande mídia, sim.


Não estive presente. Mas confesso que apesar de saber como a coisa funciona e me decepcionar com isso, queria ter ido.

A FLIP também tem uma importância que poucas pessoas se lembram: a de colocar em evidência novos escritores e poetas, a literatura contemporânea brasileira. De apresentar ao Brasil e ao mundo novos artesãos da palavra.

Uma das pricipais mesas, e a que eu mais esperava, era a Mesa 10, onde Milton Hatoum e Chico Buarque estiveram presentes, falando sobre seus processos de escrita e suas obras. Gostei do Milton Hatoum, autor que - ainda - não li, mas que dispertou em mim uma vontade enorme de conhecer sua obra literária.

Seguem alguns vídeos da tal mesa.

- Parte 1: O mediador Samuel Titan Jr apresenta Milton Hatoum e Chico Buarque no início da mesa literária.



- Parte 2: Chico Buarque lê um trecho de sua nova obra "Leite derramado".



- Parte 3: Milton Hatoum lê um trecho de sua obra na FLIP 2009.



- Parte 4: Milton Hatoum explica como se inspirou para a criação de seus livros.



- Parte 5: Chico Buarque diz como se inspirou para a criação literária, citando "Budapeste" e "Leite derramado".



- Parte 6: Chico Buarque - Música e Literatura



- Vídeo 7: Chico Buarque fala a respeito da manifestação em Paraty.



E esta semana saiu na revista VEJA uma crítica do Diogo Mainardi sobre a FLIP, e especialmente sobre o Chico Buarque escritor. Depois posto aqui, comentando, é claro.

terça-feira, 14 de julho de 2009

The Longing in Me

Lacrimosa lançou álbum novo este ano. Sehnsucht. Gostei bastante dele. Uma evolução do Lichtgestalt, ao meu ver, mas voltando um pouco às raízes. Não sei por quê, mas desde a primeira vez que o ouvi, senti ali uma atmosfera parecida com a dos álbuns Inferno, Einsamkeit e Stille. E com um toque ainda do Elodia. Sim, este último devido principalmente à música Die Taube, que se sentiria melhor em casa se estivesse no Elodia do que em qualquer outro álbum deles.

Mas o que me chamou a atenção para vir aqui e postar alguma coisa deles foi a atual turnê. Ela começou recentemente; está passando agora pela América. No domingo último, dia 12, eles estiveram em Buenos Aires. Os primeiros vídeos começaram a surgir no YouTube. E a música que abre o novo cd deles, Die Sehnsucht in Mir, é a responsável por essa empolgação minha. Achei no mínimo criativo colocar uma televisão transmitindo o vocalista cantando no lugar do próprio pessoalmente. Os arranjos ficaram excelentes. Anne está tocando e cantando como nunca.

E tem mais vídeos da turnê. Quem se interessar, é só procurar YouTube afora.



segunda-feira, 13 de julho de 2009

The Gathering: All You Are

Ontem saiu o novo videoclipe do The Gathering. Gostei bastante dele. A música, All You Are, é uma das minhas preferidas do novo álbum, The West Pole. A nova vocalista, para mim, conseguiu muito bem carregar o peso de substituir a Anneke. Tanto nas músicas de estúdio, que ainda continuam com aquela atmosfera The Gathering, quanto nas músicas antigas da banda.

The West Pole para mim foi uma grande surpresa. Um dos melhores lançamentos deste ano. E a Silje me agradou bastante.

Ah, e hoje é Dia do Rock!




domingo, 12 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 18]

[Sem título, 18]

E olha suas mãos. Já não são as mesmas. As mesmas da bela jovem que já fora. A idade chegou. Sem aviso. Então passa seu creminho antirrugas.

Du Siqueira

sábado, 11 de julho de 2009

Recortes do cotidiano

Só uma observação: hoje uma coisa me impressionou, me intrigou até.

Todo mundo sabe da morte do Michael Jackson, vulgo MJ. Claro, com a mídia massificante de hoje, qualquer um sabe. Do mendigo ao dândi, do metaleiro ao axezeiro, da puta à madre superiora. Todos sabem. Mas também só sabem falar disso ultimamente. E da ex-gripe suína, a atual H1N1, claro. Assuntos no mínimo recorrentes.

Estava eu hoje num bar no centro de Belo Horizonte, início da tarde já, por volta das 16h30. Conversávamos e tal. E no bar havia daquelas Music Box. Tá, até aí tudo bem. Tocava de tudo, mas eu nem prestava atenção na música.

De repente, colocam uma apresentação do MJ, a música Billie Jean. Da época em que ele ainda era muito foda em termos de composição. Creio que a apresentação era dos anos 1990, mas não tenho certeza. O bar, que fica em uma esquina, começou a atrair a atenção de quem passava por ali, de quem reconhecia a voz de MJ. Mas me pergunto: será que todos realmente conheciam MJ? Reconheceriam de longe a sua voz? Gostavam dele? Respeitavam seu trabalho?

Sei que com sua morte, no mês passado, ele voltou a ser o que fora nas décadas passadas: um grande ícone. As pessoas passavam pelo bar e paravam para ver sua moonwalk, para escutar sua voz inconfundível. Algumas repetiam seus passos ali, quando iam embora.

Reparei em algumas pessoas especificamente: um catador de latinhas (ou de papel, não sei direito) que largou o que estava fazendo e foi assistir à dança de Michael. Uma senhora (que provavelmente voltava do trabalho) também se aproximou durante aquela apresentação; assistia atentamente àquela música. Mais ao longe, uma moça, por volta de seus 17 anos, acredito, passava e ria; um sorriso parecido com a minha atitude: adimirava-se como de repente todos conheciam e prestavam atenção no trabalho de MJ. Os funcionários do bar também assistiam ao trecho do show, e comentavam entre si. Outras pessoas que passavam pelo local também reconheciam aquela voz, aquela dança.

Interrompi o assunto que discutíamos para fazer essa observação, um recorte naquele cotidiano. Nem a morte do papa abalou tanto a sociedade. A morte de Michael Jackson o tornou novamente um ícone da música, um ícone do mundo pop, de uma época. Ela - sua morte - lhe devolveu o respeito e a admiração do povo. Rendeu-lhe (tá, não mais para ele propriamente) em menos de um mês vendas de discos que há uma década inteira não lhe rendia.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Microcontos [Sem título, 17]

[Sem título, 17]

Sono. Mas deveria ficar atenta. Há dois dias e noites não dormia. Vigiava. Pestanejava. Acordava de repente. Ele sairia do coma? Sim: R.I.P.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 16]

[Sem título, 16]

Sentado à arvore. Com um livro a um tronco. Alvo silêncio. As folhas cantavam. Céu azul e vento. Shakespeare o encantava. Ele e seu momento.

Du Siqueira

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 15] ou Gentileza urbana

Inspirado em um vídeo que vi ontem na exposição "Lantejoulas no meu tédio", de Camila Buzelin, no espaço Genesco Murta do Palácio das Artes, que também me fez lembrar do conto "Amor" de Clarice Lispector, escrevi este microconto, e até dei um nome a ele:



[Sem título, 15] ou Gentileza urbana

Feira. Maçãs pra suas crianças. Entra no ônibus cheio. Passa pela roleta. Maçãs caem e rolam. Olhares. Ajudam-na a recolher as maçãs do chão.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 14]

[Sem título, 14]

E caiu ali mesmo. No meio da rua. Sinal fechado. Multidão ao redor. Exitam em ajudá-la. Observam. Mas não agem. Osteoporose. Pobre senhora.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 13]

[Sem título, 13]

Deitada. Toda de branco. Não, não era noiva. Aquelas roupas não lhe pertenciam. Branco. Náusea. Pálida. Soro em suas veias. É, não deu certo.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 12]

[Sem titulo, 12]

Corre para a janela de sua sala. Ela precisa vê-lo. 7 a.m. O sol nasce. Atrás de nuvens vermelhas. De montanhas. Esquenta e ilumina seu dia.

Du Siqueira

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 11]

[Sem título, 11]

Cinza-Azul. Ela dorme. Azul. Levanta. Sai de casa. Previsão do tempo: chuva à tarde. Trabalha. Azul-Cinza. Cansaço. Casa. Cinza. Tempestade.

Du Siqueira

terça-feira, 7 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 10]

[Sem título, 10]

Atravessou a rua. Chegou à esquina. Um mendigo na calçada. Um menino de rua no semáforo. Problemas urbanos. Todos ignoram. Não é com eles.

Du Siqueira

domingo, 5 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 9]

[Sem título, 9]

Young lad. He had not known how to love. Always afraid. Too much doubts. Broken heart. Too romantic. Poor him. Pain and hurt. All is love.

Du Siqueira

sábado, 4 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 8]

[Sem título, 8]

A menina já em cima da árvore. Sobre os galhos: sim, eu posso voar! E então abre seus braços. E voa. Pretty little bird. Espalha-se no chão.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 7]

[Sem título, 7]

Não. Nada ainda. Prometeu que iria ligar. Será que está no silencioso? Verifica. Não está. Nenhuma chamada. Ainda. Espera. Não liga. Entende.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 6]

[Sem título, 6]

Acorda de repente. Sonhava que estava se afogando. Sente-se aliviada por ter acordado. Sede. Mas continua em sua cama. Afoga-se em seu medo.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 5]


[Sem título, 5]

It rained. And we were together. Again. It was a cold night. A sweet night. But it rained. Not "but", but "and". And why does it ever rain?

Du Siqueira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 4]



[Sem título, 4]

Enxaqueca. Remédios. Não adianta. Massagens. Nada ainda. Luz. Fotossensibilidade. Mais um comprimido. Ainda lateja. É ressaca. Vai passar.

Du Siqueira

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Microcontos: [Sem título, 3]


[Sem título, 3]

Fechei o livro. Era hora de dormir. Apago as luzes. Luzes vermelhas entram no meu quarto. Policiais. Uma vizinha daqui se jogou do 10° andar.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 2]



[Sem título, 2]

Chega em casa cansada. Liga a TV: morre Michael Jackson. Fica chocada. Baixa "Thriller". Dança "Billie Jean". Queria chorar. Mas não era fã.

Du Siqueira

Microcontos: [Sem título, 1]



[Sem título, 1]

Acordou atrasado. Nem tomou seu breakfast. Reunião daí a 5 min. Fora de moto. Ia voando. Um carro o fechou. Não pôde comparecer à reunião.

Du Siqueira

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Twittercrônicas (ou minicrônicas, ou microcrônicas, ou nanocrônicas) ou twittercontos (ou minicontos, ou microcontos, ou nanocontos)

Estava eu twittando e vi uma coisa interessante: a criação a partir da limitação de uma rede que surgiu e está se expandindo muito rapidamente, que é o Twitter.

Já existem alguns profiles lá mesmo que já vinham fazendo isso há um tempo.

É interessante. A gente tem 140 espaços que podem ser preenchidos por letras, números, pontuações, símbolos e espaços. Mas somando, devem ser apenas 140.

E comecei a me exercitar nisso. Exercitar a criatividade aliada a uma limitação, que é a do espaço. A forma também é limitada. Mas não a criação. Nem suas possibilidades. Nem a interpretação e imaginação do algo criado.

É compactar a ficção. Não restringi-la.

E é devido a isso que resolvi postar alguns por aqui mesmo. Mas só aqueles que eu achar realmente interessantes. Mas já adianto uma coisa também: é totalmente descompromissado, não é aquele tipo de coisa que a gente fica preso horas e horas sobre a criação, não tem como ficar lapidando as palavras por muito tempo. E o bom é isso, não ter mesmo essa necessidade de ser realmente algo excepcional poética e formalmente. Ser despretencioso.

São, para mim, como crônicas. Bem reduzidas. Minicrônicas. Ou microcrônicas. Ou nanocrônicas. Ou twittercrônicas. Ou contos então.

É isso.
E pra quem quiser me acompanhar lá, meu twitter é: http://twitter.com/dusiqueira

Abraços!