domingo, 28 de junho de 2009

Sábado choveu de novo



Chuva. Algumas vezes ela surge não sei de onde. Cai de algures. Lava as ruas. Apaga os nossos passos. Nos surpreende. Desabriga seres. Formigas. Insetos. Aproxima outros. Humanos. Une-nos.
Vêm os relâmpagos. Cria medo nas crianças. Trovões. Longa e bela ária para a noite. Chuva. Sinfonia n° 2. O frio. A necessidade do outro. Aquecem-se. E a chuva continua. Cai fina. Contínua. Cai. E chove. Chuva e frio. Noite. Fumaça. Cigarros. Chove ainda. Chuva ainda. Chuva e companhia.



quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ópera: Macbeth (Verdi), Belo Horizonte, junho de 2009




Montagem inédita da Fundação Clóvis Salgado para a ópera de Verdi, Macbeth tem ingressos esgotados já para suas duas últimas noites de espetáculo. Ao todo, serão 5 apresentações, terminando no sábado dia 27, no Grande Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
No último domingo, fui lá assistir. Casa lotada.

Como não sou um grande conhecedor das técnicas líricas e operísticas, vou me abster à comparação - inevitável para qualquer Shakespeariano - entre a obra literária e a operística. Claro, são linguagens diferentes. Verdi e o librettista modificaram a "Tragédia Escocesa" para chegarem a um ponto particular à época e ao que eles queriam provocar com a ópera. Prefiro Shakespeare. Claro. Mas Verdi também soube (re)criar uma obra de beleza e intensidade inigualáveis nesta Bela Tragédia. Eu já conhecia duas gravações: uma com Maria Callas (sim, La Divina!) e outra com Fiorenza Cossoto. Ambas excelentes sopranos, na minha humilde opinião. Mas a montagem do Palácio das Artes também ficou muito boa. Entre os solistas, dois norte-americanos que já se apresentaram em temporadas no MET Opera House de New York, além de solistas já conhecidos pelo público mineiro de outras temporadas e apresentações de música erudita na cidade. Não quero detalhar o cenário, figurino, iluminação... Não foi uma Aida, como de 2008. Mas também não chegou ao cúmulo de uma Die Zauberflöte com bonecos, de 2006. Mas gostei. Realmente foi muito bom. Cantores com grande potencial. Casa já reconhecida por ser capaz de ser futuramente uma referência no cenário da ópera no Brasil, cargo muitíssimo invejado, diga-se de passagem. Mas prefiro a poesia do Macbeth de William Shakespeare. Sei que não é justa a comparação. E por dois motivos: são linguagens diferentes e é injusto competir com Shakespeare, principalmente quando se trata de grandes tragédias.

Foram quase três horas de espetáculo, dividido em quatro atos. Destaque meu para a Lady Macbeth. Sempre achei incrível como Shakespeare escrevia suas grandes vilãs. É ela quem conduz praticamente toda a tragédia. Sutil por vezes, voraz tantas outras. E o que seria de Macbeth sem sua Lady? Na ópera, Cynthia Lawrence conduziu muito bem essa personagem. Só não senti tanta firmeza na ária mais esperada e difícil do soprano na ópera, a "Or tutti sorgete, ministri infernali". Pode ter sido o dia que fui. E pode ser porque realmente não entendo nada dessas técnicas do canto lírico. Outros momentos também vi as diferenças entre as Ladies verdiana e shakespeariana. Senti falta de uma força que o soprano deveria ter dado à vilã que interpretava. Destaco também o Banquo do baixo gaúcho Luiz Molz. Esse sim cresceu na ópera. Excelente interpretação.

Mas o que realmente não consegui engolir foi a representação das bruxas na ópera. Lembro que quando li pela primeira vez Macbeth, logo de cara me apaixonei. Elas, TRÊS bruxas, simplesmente surgem. Aparecem e já dizem a que vieram. Não tão diretamente assim. Longe disso. Mas já enfeitiçam os leitores. Encantam com seus cantos. E as construções poéticas que Shakespeare foi capaz de criar, dando então esse lirismo a essas (TRÊS) bruxas, é o que não foi reproduzido na ópera. Grande erro, eu diria. Ou então, um grande equívoco em retirar isso da obra. Tá, realmente não sei qual era o objetivo de Verdi. Mas a ópera poderia ser ainda mais bela e poética se tivesse sido mais fiel a William Shakespeare. Na ópera da Fundação Clóvis Salgado, as bruxas pareciam aborígenes. O que eram aquelas máscaras exagerada e desnecessariamente toscas? Não entendi realmente. E durante as outras aparições das bruxas, o mesmo ocorre. Onde estava Hécate? Ela nem foi diminuída na ópera. Foi excluída. Imperdoável para qualquer shakespeariano.

Mas em termos lírico-erudito-musicais estava tudo bem. A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais cumpriu um importante papel, fez uma excelente apresentação. Conduziu um belo Verdi para os mineiros. Precisamos é de mais. Sim. Isso tudo é um juízo de valores. Antes, juízo de gostos. E eu realmente gostei muito do Macbeth verdiano pela Fundação Clóvis Salgado. Bom começo para a temporada de 2009 de óperas em Belo Horizonte. Gostei muito do Macbeth de Verdi. Mas prefiro o de Shakespeare. Prova do sucesso e qualidade (tá, também não sei se isso prova alguma coisa) é já ter esgotado os ingressos desde ontem para as duas últimas apresentações da ópera, uma hoje e a outra no sábado. Ainda bem que já fui. Pena que não verei de novo. Especialmente neste sábado. É uma pena, mas a gente compensa de outro jeito...

Deixo-lhes com a tal ária, "Or tutti sorgete, ministri infernali", mas por outra intérprete. No caso, o soprano russo-ucraniano Maria Guleghina:



É isso.
Abraços!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Essa eletricidade...

Musiquinha bonitinha, viu?
É, não paro de ouvir The Gathering. E em especial essa música. Ela me faz lembrar de boas coisas. Me traz uma mescla de sentimentos. Me faz sentir saudades. Mostra a mim mesmo o quão incompleto sou. Mas é assim.

My Electricity [Lyrics by Anneke van Giersbergen]

I send your name
up into the sky
And the wind blows it back into my face

You see, even nature
reacts on me
And all my electricity
will make it across your sea

With every wave the sea makes
My body gets weaker
and weaker... and weaker...

You see, even nature
reacts on me
And all my electricity
will make it across your sea

And provides you
with my love


terça-feira, 23 de junho de 2009

Rapidinha 1

Tô com preguiça de atualizar este trem, mas tem um monte de coisa que queria colocar aqui. Com o tempo vou postando.

É, depois de pouco mais de 4 anos deixando o cabelo crescer, cortei de vez. É, cansei. Mudanças sempre têm um lado positivo. Outra coisa: fui e participei do Congresso Nacional de Estudantes, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi fundada uma nova entidade para lutar e defender os direitos dos estudantes do país - a ANEL - Assembleia Nacional de Estudantes Livre. Mais uma outra coisa: no mesmo congresso, também recebi um convite para participar durante um período como aspirante do PSTU. Ah, e no domingo, último fim de semana, fui à montagem da Fundação Clóvis Salgado para a ópera de Verdi inspirada na obra de Shakespeare, Macbeth. E o pior que também vale constar: essa gripe.

Mas então. É muita coisa e tô com preguiça de falar de cada uma delas agora. Já são mais de 2 horas da madrugada, tenho prova de Linguística Comparada à noite, tenho que ir dormir e resolver a minha vida quando acordar.



E para não passar batido, vai aí um clipe dos Smiths:



"And if a double-decker bus crashes into us
To die by your side is such a heavenly way to die
And if a ten-tonne truck kills the both of us
To die by your side
Well the pleasure, the privilege is mine"



É isso.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Madrugada #1, ou Insônia, ou Duas-horas-e-pouco da madrugada

Até que enfim!

Dia desses, sábado para ser mais específico, consegui realmente chegar a um ponto de minha produção que eu queria. É, minha produção escrita. Alguns rascunhos. Anotações. Observações. Meus escritos. Achei um tom para minha fluência verbal. Meu derramamento de substantivos e adjetivos, guiados pelos verbos - e suas conjugações, tempos, modos, aspectos, flexões -, poucos advérbios, alguns pronomes, os mesmos artigos e as inúmeras pontuações. Cheguei (creio eu) a um tom próprio. Talvez nem tão próprio assim. Mas não é isso aqui que vocês lêem. Tenho lido muito, e não sei se isso me afetou, se acabou me influenciando. Mas que seja. É a mímese. A Literatura nos permite.

A cada dia fico mais feliz com as escolhas que tenho feito. Com as que já fiz. Contrariando a lógica e o bom senso às vezes. Mas sempre pensando em minha felicidade. Minha satisfação. Estabeleci prioridades. Busco fazer tudo da melhor forma. Mas não sou perfeito. Erro muito. Ando em círculos de tempos em tempos.

Tenho sede. Ânsia. Não. Fome. Sou faminto pelo tempo. Queria pular algumas coisas chatas e partir logo para a melhor parte. Mas não teria a mesma graça no fim. Não seria a mesma coisa. Paciência. Repito para mim mesmo. Paciência. Tenho aprendido muito com minha vida acadêmica. Não a troco por nada que eu já havia feito antes. Tem sido de extrema importância para minha consciência social. Individual. Pessoal.

Tenho lido preciosidades, em minha humilde opinião. Descobrir J. L. Borges foi uma das coisas que mais valeram a pena na faculdade, tanto com os professores quanto com os amigos. Algumas de minhas buscas pessoais também são de grande relevância. Santiago Nazarian me impressionou muito com seus livros. Sua prosa. A poesia em sua escrita. E logo logo sai outro livro dele. Chico Buarque e seu "Leite Derramado". Da poesia, cito Keats e Yeats (hum... isso cheira a influências de Morrissey, não?), Robert Frost, William Blake. William Shakespeare ainda é Shakespeare. Não tem como não falar de suas obras. De se apaixonar por um "Macbeth", ou "A Midsummer Night's Dream", ou "Hamlet". Fernando Pessoa sempre encanta. Clarice é Clarice. James Joyce. Virginia Woolf. É melhor parar por aqui. A lista é extensa. Sempre esqueço de alguém.

Mas voltando ao que eu dizia no início, encontrei um tom que me sinto mais confortável para escrever. Não tenho pretensões com isso. Escrevo porque preciso. As ideias não me deixariam dormir se eu não escrevesse. Se eu não as obedecesse. Se eu não me sentasse e começasse a registrar os meus pensamentos. Minhas ideias. Minha memória também anda melhorando um pouco com isso. Ou seja, algo que eu precisava realmente retomar. E eu tinha pudor em fazê-lo. Mas fiz. E continuarei. Precisava de um incentivo. E ele partiu do nada. Do inesperado. Talvez nem tanto do inesperado. E sim do esperado. Surgiu. Veio e não me deixou quieto. Achei bom. E é por isso que passo madrugadas escrevendo. Gosto da escuridão. Do silêncio. Da solidão. Da solidão do meu quarto. Desse frio. E essa insônia que me põe a escrever. Que me coloca a refletir sobre várias coisas. Cria em mim sensações e emoções. Ela me educa.

...


E minha memória continua me pregando algumas peças. Agora mesmo não me lembro porque quis vir aqui e escrever um pouco. Tá, já falei muito. Expus um pouco do que eu estava disposto. E não gosto disso. Me expor através de um blog. Mas o faço porque sei que ainda isso aqui tem poucos leitores. Talvez um, além de mim. E olha que já é muito para mim. E nem tenho vontade de que isso seja lido por muita gente. Só os amigos mesmo. Os que ainda têm paciência em lerem essas lorotas. Todas essas divagações aqui. Não quero isso aqui como um diário. Odeio isso. Acho desnecessário. Futil. Mas algumas coisas são boas de serem pontuadas. Devem ser pontuadas.




Ah, deixo uma dica de música. Melhor, de álbum: Sounds of the Universe, do Depeche Mode. O que escutei ao escrever aqui.

E eu quero muito ir ao show deles em São Paulo!!! Vai ser no final deste ano. Alguém me leva???